segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Cultura

                         Casa Barbot assume a Cultura Municipal




Recuperação para o Pelouro e os gaienses

Testemunho de uma época do ponto de vista artístico, cultural, económico e social, a Casa Barbot regressou à vida como Casa da Cultura que se pretende tornar influente de novo naquelas quatro vertentes, mas da época actual e do futuro.


Uma nova vida está a tomar conta da Casa Barbot que, com a conversão em Casa da Cultura - "sede" do Pelouro da Cultura, Património e Turismo, vem devolver a Vila Nova de Gaia um incontornável marco da vida gaiense do princípio do Século XX e exemplar único do estilo Arte-Nova existente no Concelho.


Alvo de uma recuperação indispensável face às contrariedades do tempo e de algumas intervenções isoladas, este emblemático edifício situado em plena Avenida da República, alguns metros abaixo dos Paços do Concelho, não se tornou somente no coração institucional da cultura municipal. É, isso sim e cada vez mais, uma verdadeira Casa da Cultura, aglutinadora de vontades, capacidades e empenhos e, ainda, centro difusor de bases programáticas, linhas condutoras e, acima de tudo, de concretizações com vista a um patamar superior da individualidade cultural de Vila Nova de Gaia.


Daí o valor de recorrer a um monumento, porque como tal se pode considerar. Tanto mais que estamos perante um elemento classificado como "Imóvel de Interesse Público", conforme despacho governamental publicado em Diário de República (I série, nº 47, de 25 de Fevereiro de 1982).


Acresce que se trata de um símbolo de uma época e de um estilo artístico que teve interpretação local pelos artífices de então. Entre eles, destacam-se o escultor Alves de Sousa, o mestre estucador Baganha e, ainda, o professor de pintura Veloso Salgado (responsável pela decoração de algumas divisões) e o arquitecto Ventura Terra, que assinou a Sala dos Passos Perdidos da Assembleia da República, entre várias outras obras distinguidas, algumas até com o Prémio Valmor.


Do trabalho conjunto daqueles artistas, e de mais alguns anónimos, resultou a belíssima moradia mandada erigir pela classe burguesa da eufórica Belle Époque.


Curiosamente, o nome Barbot não está relacionado com o seu primeiro proprietário, o vianense Bernardo Pinto Abrunhosa, que foi quem mandou construí-la, em 1904. Os registos dão o imóvel como pertencendo a Adelino Augusto Campos, por volta de 1911, e de novo a Bernardo Pinto Abrunhosa, em 1915, o que permite adivinhar algumas confusões ou, pelo menos, eventuais imprecisões. Mas o que parece certo é que o edifício foi baptizado a partir do nome da sua proprietária por alturas de 1945, Ermelinda Barbot.




                           O passado ao serviço do Séc. XXI


Apesar das obras e transformações sucessivas encomendadas pelos diversos proprietários, bem como das intervenções mais recentes, o edifício mantém a estrutura inicial de cave mais dois pisos.


O espaço encerra em si um potencial de que, finalmente, Gaia volta agora a tirar partido. Com efeito, a nova Casa da Cultura acolhe não apenas a estrutura do Pelouro mas também espaços de utilização pública e equipamentos com o objectivo de "abrir" realmente a Casa Barbot aos gaienses.


Assim, a primeira fase da recuperação do imóvel compreendeu a criação de uma área destinada a exposições e à promoção de eventos como debates, colóquios, seminários, workshops, lançamento de livros e momentos musicais.


Futuramente, deverão ser criadas e entregues à exploração uma livraria e uma cafetaria, bem como um Posto de Turismo.


A zona envolvente do edifício, que integra o jardim, foi também alvo de recuperação, no sentido do seu embelezamento e de eliminar a barreira visual existente na Praça do General Torres.


No conjunto, aposta-se no aproveitamento moderno e aberto de uma construção histórica. Respeitam-se, aliás, os princípios enunciados pela Carta de Veneza, onde se refere expressamente que "a conservação de monumentos é sempre favorecida pela sua utilização numa função útil".


É isso que se pretende fazer da Casa Barbot/Casa da Cultura - torná-la útil para recordar a herança histórica de uma época, útil para a afirmação da identidade cultural dos gaienses e útil para o aprofundamento de uma importante vertente do desenvolvimento concelhio, metropolitano, regional e mesmo nacional.



                                      

                                    Exemplo "vivo" da arte de uma época


Na futura Casa da Cultura de Gaia, predominam elementos característicos da Arte Nova e destacam-se o vidro, o ferro, a cantaria e o azulejo.


A par das linhas curvas, sobressai a inspiração em elementos neo-clássicos (colunas, capitéis e medalhões, por exemplo), de motivos florais e zoomórficos, dos nus femininos e da Natureza em geral.


Mas o conjunto não se esgota unicamente na casa. Passando pela escada do jardim, cuja cobertura de ferro e vidro se assemelha à do café portuense ¿A Brasileira¿, temos acesso à propriedade. Esta inclui as áreas ajardinadas e envolventes, com os bancos em forma de tronco de árvore, a estufa, o lago, a gruta artificial, o mirante e a garagem, onde predominam, novamente, elementos que denunciam as misturas de inspirações artísticas que não coincidiram, antes se sucederam. E, em casos como este, como que se "fundiram".


É, assim, a propriedade como um todo dos vários elementos que está a fazer de novo parte da vida quotidiana de Gaia e desta vasta região.

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